sábado, 10 de novembro de 2012

Compartilhamento de Bicicletas - Parte 1

Há um tempo venho pensando nos sistemas de compartilhamento de bicicletas, e já é momento de começar  a estudar e pesquisar o impacto trazido por eles para as cidades onde foram implementados.
Será que a idéia é mesmo ótima e deveria ser copiada, ou será que é simplesmente uma inovação capitalista para o incentivo ao turismo(que mesmo assim continua sendo sustentável)? Será que sua função varia conforme a cidade? Será que a população como um todo consegue utiliza-la ou que o acesso a tal é restrito somente a algumas camadas da sociedade?

-Histórico:

As origens do compartilhamento vem de ideais anarquistas, onde se compartilharia a propriedade da bicicleta, sendo essa, de toda a sociedade, de utilização coletiva e de responsabilidade também. O problema é que não vivemos no anarquismo, então muito desse ideal inicial caiu, se adaptando ao sistema vigente.
Em 1965, nascem as bikes brancas (ou bikes livres), em Amsterdam, como uma tentativa do grupo anarquista PROVO, de trazer a tona os ideais previamente citados. A ideia não vingou, um mês depois a maioria das bicicletas tinham sido roubadas, e as que não foram, ficaram simplesmente abandonadas, inteiras ou depredadas, próximas a canais da cidade.
A iniciativa trouxe uma solução viável para o problema dos transportes nas cidades superpopulosas, onde o carro seria o grande vilão, parado em imensos congestionamentos, poluindo, ocupando e reduzindo a qualidade de vida dos moradores. As bicicletas, menores e de melhor mobilidade, se tornariam um fim para isso tudo, sem contar com a auto-estima, saúde e disposição de seus usuários.
Lança-se, 9 anos depois(ou seja , 1974), na cidade de La Rochelle, na França, as yellow bikes. Essas bicicletas são conhecidas como bicicletas amarelas, sendo elas unissex. Inicialmente, seguiam as mesmas regras das bicicletas brancas de Amsterdam, mas posteriormente passaram a ser cobradas, tendo seu lucro direcionado para a manutenção do sistema, pela prefeitura. Esse foi o primeiro programa que realmente vingou, e conseguiu seguir em frente, continuando até hoje a funcionar, só que agora por um preço(acessível ou não).
O espalhamento dessa ideia aconteceu no restante do mundo conforme as cidades saturadas de carros encontravam na bicicleta uma solução. A compartilhamento chega nas américas na cidade de Portland, nos EUA, em 1994. Daí nasceram diversas ideias, de maneria a aproveitar melhor a solução existente nesse sistema.
No Brasil não encontrei exatamente onde começou o bike sharing, mas a ideia chegou recentemente, entre o meio de 2009 e 2010. A primeira grande cidade a adota-lo foi o Rio de Janeiro, o sistema inicial, porém, não deu certo, sendo finalizado pela prefeitura (SAMBA) e reiniciado pelo Banco Itaú (BIKERIO) em 2011. O país ainda não teve a ideia bem espalhada, além de poucas cidade terem adotado esse sistema, existe muito pouca infraestrutura para o transporte de bicicletas.

-Estatisticas:

No mundo não tem mais como ter idéia de quantas cidades tem o bike sharing system, muito menos o número de estações ou de bicicletas. Já no Brasil, devido ao seu número reduzido, é possivel saber quantas são as cidades , estações e qual é o número total de bicicletas. Por isso as estatísticas serão voltadas para o nosso país, já que comparar com o resto do mundo seria bastante humilhante.
Levantando os dados do site da Mobilicidade, um portal de mobilidade urbana, ao qual estão vinculados sistemas de compartilhamento de bicicletas de Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Sorocaba. Esse portal também é responsavel pelo programa de Petrolina, porém, no site, não encontrei nenhum dado sobre.

Porto Alegre: São 9 estações ativas, 31 em ativação,  com 12 bicicletas em cada, sendo isso: 480 bikes.
Rio de Janeiro: 63 estações, nenhuma em ativação, são 12 bicicletas em cada estação, ou seja, 756 bicicletas ao total.
São Paulo: 59 estações ativas, 41 em ativação, 12 bikes cada, com um total de 1200 camelinhos.
Sorocaba: 18 estações em atividade, 1 estação em ativação, também com 12 bicicletas cada, resultando em 228 bicicletas.

O Rio de Janeiro é a unica cidade que tem o programa pleno funcionando. Em POA temos 108 bicicletas rodando, em São Paulo 708 e em Sorocaba 216. Não sei das outras cidades, e se fosse possível gostaria de conversar com quem conhecesse estas, sobre o mobilicidade. No Rio de Janeiro, a mobilicidade atende praticamente só a zona sul (setor com maior concentração de renda e turismo da cidade), tendo somente 3 estações na zona norte, sendo essas dentro do Parque de Madureira.
Fora o mobilicidade existe o programa Toopedalando, da cidade de Toledo, no Paraná, existia também um bike sharing em João Pessoa, mas não deu certo e já não existe mais. Em Toledo são 6 estações em "locais estratégicos da cidade" com 60 bicicletas ao total, trabalhando da mesma forma que o mobilicidade.

Se souberem de mais alguma cidade que tenha o sistema de compartilhamento de bicicletas, comentem para que eu possa melhorar o post.
Espero que gostem.


Comentem , critiquem , elogiem.

Continua...







sábado, 3 de novembro de 2012

Bike trip : Copacabana - Vista Chinesa

fonte: acervo pessoal
Nada melhor que uma boa trip pra matar o tédio no sábado , ainda mais depois de ter passado o dia inteiro da sexta de frente para uma tela de computador , clicando que nem um louco.

A idéia da vista chinesa chegou até mim através do Davi Coelho , um outro possuidor de dobrável , que eu bati um papo , na semana passada quando voltava para casa . Só que o caminho utilizado por ele foi outro , passando por Santa Teresa.
A escolha do caminho terminou sendo feita por onde existia a melhor possibilidade de circulação, ou seja , onde fosse possível fazer o maior percurso por ciclovia.
fonte: acervo pessoal
Entre subir por São Conrado , Santa Teresa , Tijuca , ou Jardim Botânico , fiquei pelo do Jardim Botânico. Sairia de Copacabana , passaria pela orla de Ipanema , entraria para a Lagoa pela ciclovia do Jardim de Alá. Circularia metade da lagoa , entraria pelo Jardim Botânico e subiria pela Rua Pacheco Leão , que tem ciclovia em parte de sua extensão. Depois disso subiria toda a estrada até chegar na vista chinesa.
Enquanto o caminho não tinha inclinação , foi uma beleza , mas já na Pacheco Leão comecei a sentir a atuação da gravidade. Pedalando na Soul d-60 , consegui subir tranquilamente até a entrada do parque , mas ao chegar na Cachoeira a declividade fica muito grande , e como as pernas já estavam gastas , uma parte foi feita a pé mesmo.
Aí está o problema das dobráveis! Esse tipo de bicicleta é feito para lugares essencialmente sem inclinação. Ou seja , em subidas muito acentuadas , mesmo na primeira marcha, o desgaste é enorme, nas descidas a bicicleta tende a perder a estabilidade devido a sua roda pequena. Porém , pelo quadro e os pedais baixos seu centro de gravidade a mantém bem posicionada para curvas.
fonte: acervo pessoal
Na subida , hora dava para pedalar , hora não dava , mas a vontade tem que ser maior que o cansaço . Lá em cima , a vista vale a pena . O Angulo de visão não é tão grande quanto no Cristo Redentor , onde é possivel ver parte da zona norte , porém vale a vista por ser diferente.
A vista Chinesa , fica dentro do parque da floresta da tijuca , e por lá , o transito de carros é pequeno , possibilitando, por causa disso, um grande transito de ciclistas.
Tanto os locais , quanto os gringos , era possivel ver de tudo lá em cima . Tinham até mesmo outros que seguiam subindo para o alto da boa vista , e faziam uma parada de hidratação ali no Belvedére. Muitos turistas subiam de carro também , e alguns até mesmo em jipes de safari (já que a cidade é uma selva , né?). Esse número grande terminava deixando a possibilidade de um bom local para foto bem disputado.
Não aconselho iniciantes ou ciclistas com pouca experiência a buscar essa rota . Para subir bem é necessário um condicionamento físico razoável e um bom conhecimento de sua bike. Se resolver subir , cheque bem os freios , pois eles serão muito utilizados na descida. Uma garrafa de água é indispensavel, e estar vestido com uma roupa que possa molhar vale a pena , pois não tem nada melhor para iniciar a parte pauleira da subida que um refresco nas águas da cachoeira.
O interessante desse parque é que , em todos os pontos de parada existia um bicicletário. E alguns tinham até mesmo bancos, o que é interessante , para um descanso e uma pausa para a alimentação.
fonte: acervo pessoal
A partir da entrada do parque são 3,5 km de subida , o que aumentou o meu percurso em 25 minutos. A ida durou 1 hora e 32 minutos , enquanto a volta durou 1 hora e 08 minutos . O tempo ajudou um pouco pois estava fresco, no calor deve ser insuportável subir.



domingo, 28 de outubro de 2012

As Barcas não tem elegância

Mora em Niterói , trabalha no Rio? Vai de bike ? Então , com certeza você atravessa de Barcas . Até porque rodar a Baía , nem de carro. Os ônibus não permitem o embarque do nosso meio de transporte , e pedalar na ponte é suicídio (além de ser uma travessia proibida).
Inicialmente , a ideia é genial , e , por isso , sua bike paga , além de você , R$  4,70. Porém , no sentido Rio-Niterói , até as 16 h não existe a taxação , e após esse horário , a taxação fica isenta no sentido Niterói-Rio.
A excessão existe para as dobráveis , que são consideradas bagagens de mão e não pagam passagem.

Com uma bicicleta dobrável era para tudo ser maravilhoso , porém , não é. As roletas não tem estrutura para passar as bicicletas, a não ser as do novo terminal , que segundo os funcionários levará 18 meses para ser construído.
Nos terminais atuais , que ligam as cidade do Rio e de Niterói , as roletas são apertadas e as bicicletas dobráveis só passam se erguidas. E mesmo que não exista movimento , a administração não facilita , fazendo com que a passagem seja sempre desconfortável.
fonte: acervo pessoal
Nas próprias embarcações , não existem ganchos , o bicicletários . Na planta , nem mesmo locais destindos aos ciclistas estão descritos, e mesmo assim , a administradora continua tratando o ciclista como se estivesse fazendo um favor, permitindo que este atravesse com sua bicicleta.
Uma vez , mesmo num horário em que taxação era isenta , um funcionário me chamou a atenção por estar passando com a bicicleta "desdobrada". Ou seja , a tática é reprimir o ciclista pelo desconforto.
Além disso o regulamento das barcas não fica explicito para seu usuário, e por isso , passo com ela dobrada , mas não me sinto na obrigação de mantê-la assim.
Em caso de descontamento , é possível procurar o SAC das barcas , que também fica inacessível para seu usuário , e não funciona nos finais de semana.

Espero que um dia , o ministério público abra os olhos e veja a injustiça que acontece na estação alí próxima  ao seu prédio , e só aí poderei começar a acreditar que existe justiça nesse país , pois , por enquanto , em relação aos meios de transporte , só vejo amadorismo , tanto pelo posicionamento do ministério público , quanto pelo posicionamento político , e também dos usuários. Já passou na hora da revolta, ou pelo menos , de um questionamento inicial.

não se esqueçam de comentar. Criticas , elogios e sugestões , tudo isso é bem vindo!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A bicicleta e a cidade , uma nova idéia de escala

Antes de ler , vale a pena assistir o vídeo que a calói filmes fez , que fala sobre as bicicletas e os carros.

No Apêndice à edição brasileira do livro "Urbanismo" de Le Corbusier , encontramos a seguinte citação de Massard:

""Em Paris , a superfície circulante(dos carros) é maior do que a superfície circulável(das ruas)."Logo , já naquela época(em 1910), se todos os veículos saíssem simultaneamente, não poderiam se mover.""

Naquela época , Paris não chegava aos pés do tamanho do Rio de Janeiro , tanto no tamanho físico da cidade quanto no número de habitantes. De acordo com o IBGE , no ano de 2010 , a cidade do Rio de Janeiro tinha 2.063.521 veículos ao total , sendo 1.593.150 só de automóveis , para 1.883.406 famílias cariocas. Ou seja , aproximadamente um veículo por família na cidade. São 15.066 onibus para 6.320.466 habitantes , sendo assim um ônibus para cada 420 pessoas . O metro não conta , pois atende somente a uma região da cidade , e o sistema de trens não conta pois apesar de escoar grandes massas continua deixando a desejar no que ofereçe para a parcela que o utiliza (muitas vezes causando até mesmo prejuízos devido a atrasos e a acidentes recorrentes. Sem falar da má distribuição das linhas de ônibus na cidade e do sistema arcaico e monopolizador dos detentores das empresas de ônibus. As tarifas , não se tornam excessão nesse ciclo , tendo valores altos demais para o que é oferecido , custando quase um almoço por dia (isso se for utilizada uma única condução).
Conclui-se , então , que a cidade do Rio de Janeiro está saturada de veículos e oferece muito poucas alternativas para seu morador, sendo que dessas , nenhuma envolve um custo menor ou nulo , e , se não fosse pela acefalia endêmica da população do país , esses já teriam parado há muito pedindo para que as tarifas fossem reduzidas.
Inserir as bikes nas cidades como meio alternativo de locomoção é uma discussão que existe faz tempo entre quem planeja de forma séria a cidade . O problema está nos impactos que sua inserção trará , como as necessidades de adaptações para que esse meio de transporte consiga permear a cidade e suprir a necessidade de seus usuários sem causar transtornos para os dois.

Assim , é necessário um planejamento do ponto de vista escalar para essa inserção , e para isso é necessário preencher certos quesitos:

- Ciclovias e Pavimentação:

Para que as bicicletas transitem , é necessário que sejam estabelecidas vias que determinem seus fluxos. Essas vias podem compartilhar ruas de carros ou não , podem compartilhar calçadas ou não , podem ser unicas ou de mão dupla. Diferente do que dizem os livros , para cada sentido é necessário no mínimo 1,50 m de largura .
Sua pavimentação deve ser regular , sem mesclas ou com o mínimo possível delas, sendo essas possíveis quando é necessário chamar a atenção para algum ponto da via , como passagens de pedestres ou curvas que necessitem de atenção redobrada . Seu escoamento deve ser feito pelos lados , porém sem meio-fio em suas sarjetas , ou então pela própria pavimentação , caso essa seja de fácil permeabilidade.

- Bicicletários e vestiários:

Como questão de segurança , é necessário que os bicicletários sejam abundantes. Esses bicicletários devem ser cobertos , com circulação possível para que as bicicletas entrem e saiam , e próximos às ciclovias. Como sugestão , um vestiário , com chuveiros seria anexado ao bicicletário , para que assim , o usuário tenha a possibilidade de higienizar-se e trocar-se após o trajeto , mantendo-se assim apresentável para qualquer tipo de trabalho.
Os bicicletários devem estar em abundância e em locais diversificados da cidade , para que , melhor do que as vagas para carros , possam ser utilizados públicamente.

-Intermodalidade:

Se faz necessária a intermodalidade , para que os transportes coletivos ajudem essa integração , assim como a bicicleta ajuda os transportes coletivos. Inicialmente , as estações tem de ser adaptadas para que bicicletas e ciclistas tenham seus espaços , e tenham a possibilidade de transitar nelas. Além das estações , os meios de transporte devem ser adaptados para que as bicicletas não se tornem empecilhos para seus portadores ou desconfortáveis para os outros usuários.
Outra necessidade seria o subsidio. Para que se incentivem as bicicletas , investindo assim , no fim dos engarrafamentos , numa melhoria na saúde pública e no aumento da qualidade de vida. O subsídio hoje é dado para os carros , zerando seu ipi , enquanto a bicicleta continua sendo taxada por impostos. Os que ousam buscar a intermodalidade nos meios de transporte na cidade hoje , ou não conseguem (como nos metros durante a semana , ou no sistema de onibus de forma permanente) , ou conseguem mas de maneira muito desconfortável (como nas barcas , onde , ou se paga R$ 4,72 caso a bicicleta não seja dobrável , ou então , no caso da bicicleta dobravel , tem de fazer musculação para passar pelas roletas , já que a empresa não ajuda quem quer utilizar as bicicletas).


A inserção da bicicleta no meio urbano , é uma questão de estimulo. Se existirem condições favoráveis para usa-la como meio de transporte , evidentemente ela será utilizada. Não é crível ouvir que ir para o trabalho de bicicleta é inviável , independente da dificuldade e da força de vontade que seu usuário necessite.
Se a palavra chave desse século é a sustentabilidade , devemos começar a repensar nossa sociedade , e reconstruí-la , de forma que elementos melhor adaptados às nossas necessidade ocupem seus respectivos espaços. Determinadas adaptações necessitam questionamentos , outros , de mudança imediata (como os sistemas de transporte público). A vontade, porém, deve partir das massas , de forma que , mesmo antes de existirem os equipamentos , estes se façam necessários, para que assim , os planejadores sintam que se torna inadiável atender a tais anseios.
É só questão de vontade política , vontade essa deve vir antes do povo e depois de seus governantes.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ciclovia do Aterro do Flamengo

Começo aqui a postar sobre a ciclovia que eu mais utilizo , futuramente trarei mais informações sobre , mas por enquanto o que mostrarei aqui.

fonte: Acervo Pessoal
Essa ciclovia é projetada , e seus caminhos não partilham pistas com os carros , não são apertadas e seus maiores problemas serão questões de conservação ou erosão maritima. Seu caminho é uma boa forma de apresentar locais marcantes da cidade do rio de janeiro , como o MAM( Museu de Arte Contemporânea), o Memorial dos Praçinhas , o Passeio Público , a Praça Paris , o Hotel Glória , a Praia do Flamengo , o Morro da Viúva , a Enseada de Botafogo, o Pão de Açucar e o próprio Aterro do Flamengo. Sua função era intgrar inicialmente o aeroporto Santos Dumont à zona sul , porém pela rodovia .
Como a idéia inicial da ciclovia não era voltada para o transporte , e sim para o lazer , a ciclovia do aterro não liga um ponto ao outro, ou até liga , mas dificilmente alguem vai sair de algum bairro da Zona Sul para pegar um avião usando uma bicicleta.
Seu percurso é maravilhoso e suas belezas , tanto naturais quanto arquitetônicas , são impressionantes, diferente do restante da cidade. O parque tem um clima agradável , e muitas árvores de diversas espécies , todas nativas.

Infraestrutura:

A estrutura da ciclovia não é ótima , mas , mesmo assim , é uma das melhores da cidade do Rio de Janeiro. Nos dias de sol , o unico incomodo são os buracos , mais acentuados próximos ao MAM e à churrascaria Fogo de Chão. Já nos dias de chuva , a pista tende a ficar escorregadia e , nos pontos mais baixos , alagadiça . Em dias de chuvas fortes os desce um pouco de lama dos canteiros . Durante a noite a iluminação é precária , só fica boa depois do morro da viúva no sentido zona sul.
Do início da ciclovia até a enseada de Botafogo vale a pena ligar os faróis , já que quase não se consegue ver a pista.
Sua pavimentação não é regular , variando entre o asfalto , o piso intertravado e o concreto. Suas conexões são regulares , fora na enseada de botafogo , onde as transições são mal feitas e o asfalto não tem sua devida manutenção.
Como caracteristica brasileira, não devemos esquecer dos quebramolas (sim , na ciclovia) na saída de carros da Marina da Glória, que faz com que as bicicletas reduzam sua velocidade para dar preferência aos carros que saem do estacionamento (e para o carro não existem redutores de velocidade nessa entrada/saída).

O Percurso:

fonte: runtastic
Considerei o início do percurso nas barcas , pois vejo que o terminal aquaviário é um ponto de ligação , não só para o aterro como para outros pontos da cidade e da região metropolitana. Sendo assim , encontrei um início mais plausível para essa rota . Não existe ciclovia nenhuma saindo das barcas , e de lá até o início real da ciclovia do aterro , o caminho deverá ser feito em faixa compartilhada com carros e onibus e na contra-mão.
Já o fim da ciclovia foi marcado no triangulo próximo à praia vermelha , pois dalí é possivel conectar-se a outras ciclovias como a da Urca e a da Princesa Isabel , mas já não é mais o Aterro. E para muitos pode ser considerado antes mesmo desse ponto ,  precedendo a churrascaria fogo de chão , em frente a passagem subterrânea para Botafogo. Desse ponto em diante o parque deixa de existir e a ciclovia passa a fazer parte de uma calçada , determinando o fim da tipologia do aterro.
Ao total são 8,12km de ciclovia , que , na minha Soul d-60 fiz em 25 minutos , com velocidade média de 19 km/h . O caminho é predominantemente plano , possibilitando-se assim a manutenção da velocidade , fazendo-o relativamente facil.
Para quem quer começar vale a pena começar pedalando pelo aterro , pois é facil , bonito e tranquilo , e liga pontos importantes da cidade , permitindo um bom passa-tempo para o final de semana , sem contar com o contato com a natureza e com a história da cidade.

Além de tudo que eu disse acima , se existir a curiosidade , vale a pena ir ao aterro num domingo. A pista de carros fica fechada durante o dia inteiro, possibilitando a prática de esportes e o acontecimento de eventos (quase todo fim de semana tem um).
Programa bom e barato , vale a pena!

sábado, 13 de outubro de 2012

Bike trip: Copa - Mirante do Joá

É feriado , sábado , e como ontem eu já sabia que não teria absolutamente nada para fazer , resolvi me programar para fazer uma trip desafiadora com a minha bike nova . Pelo menos pra mim era desafiadora , pois eu sabia que o percurso saia da minha normalidade trazendo elementos de maior dificuldade. Mas , pelo que ouvi falar sobre o destino , valia a pena pelo visual e pelo local .

fonte: Acervo pessoal
Pensei que poderia ter começado mal pois tinha chovido um pouco no dia e na noite anterior , e existia a possibilidade de chuva para hoje , mas isso terminou sendo um acerto.

A ida :

Saí de casa 9h40 , com uma garrafa de 1,5 l de água , um pacote de traquinas e a maquina fotográfica . Peguei a ciclovia da praia de Copacabana e fui até o Leblon em 20 minutos , até aí pensei que estava mal achando que o vento na volta não ajudaria , mas me enganei.
Do Leblon em diante não tinha mais ciclovia , então atravessei a rua , e fui subindo a Niemeyer no sentido dos carros que iam pra São Conrado. A ladeira já começa bem pesada , ainda mais pra minha bike que é ruim de pedalar levantado . Começei a ver que a calçada continuava a partir do hotel que tem ainda no Leblon , e resolvi pegar a calçada e seguir por alí. Um pouco depois da entrada do morro do Vidigal , a calçada virou só o meio fio , e esse meio fio tinha quase 1 m de altura , do outro lado rolava um gramadinho e um mega precipício. Voltei ,então, para a pista.
Dali pra frente fui até São Conrado meio que na merda pois a pista não é uniforme , ela abre em algumas curvas e em outras não , e era foda fazer as curvas pequenas com onibus ou vans , mas conseguir terminar a subida vivo , e com pernas.
A descida é sempre facil , e alí muito tranquila também , desci na velocidade dos carros , econômizando na pedalada , seguindo quase que pelo meio da pista , e isso foi até entrar na ciclovia da praia.
A ciclovia não é conectada a Niemeyer , mas nada que um pouco de atenção não tornasse possivel .
Até a estrada do Joá foi tudo super tranquilo , apesar das indicações serem inexistentes para os ciclistas , e da ciclovia não estar em seu melhor estado . Depois de encontrar a passarela é só atravessar pro outro lado e seguir a mão única dos carros , sempre pela sarjeta , evitando as calçadas , até começar a subida .
É , o momento mais tenso da trip com certeza foi aí . A subida inicial é muito tensa , e segue por uns 2km , sempre subindo , mas variando a inclinação. No começo , pedalar é impossivel , já mais pro alto fica mais facil , dá pra seguir na primeira marcha se as pernas forem boas. Passando essa subida , é só seguir um descidão e aproveitar o embalo. Floresta , condomínios e casas chiques por todos os lados , o clima alí , apesar do calor de depois da subida era bem agradável . Depois da descida vem a ultima subida , não tão pesada quanto a primeira , mas pede um ultimo esforço para conferir a determinação de quem chega no mirante.
E finalmente o mirante. Depois de quase 1h de pedalada cheguei ao mirante , e passei por ele , pois não tinha percebido que ele estava alí , subi mais um pouco e ,depois de obter a informação de um porteiro de um condomínio próximo voltei descendo até lá.
O mirante é maravilhoso , e por ser um dia de chuva não tinha quase ninguem por lá. Pedi para que os gringos que estavam lá tirassem uma foto e depois que eles sairam tirei o restante .

Antes de iniciar a volta rolou a hidratação.

A volta:

Diferente da ida , na volta , até São Conrado foram mais descidas, e isso é muito bom quande se está cansado. Na praia moderei o ritmo já que eu sabia que o começo da Niemeyer seria bem tenso , e acertei . Só não foi mais tenso porque eu subi pegando o vacuo de um maratonista que estava num ritmo alucinante , ainda mais pra quem tava subindo só na perna, e passei ele só no fim da subida. Daí em diante segui sempre pela via , não queria correr o risco de cair num abismo na volta .
A descida da Niemeyer me levou mais rápido que os carros , já que o movimento alí estava grandinho. Cheguei bem rápido no Leblon novamente , e dalí segui num ritmo mais acentuado para copa.
O treino foi bom , já que toda hora entrava alguem na ciclovia ou apareciam uns retardatários atrapalhando o caminho (se colocando no meio da via).
No forte de Copacabana recebi uma buzinada na rua , pois passei por alí , por causa dos carros estacionados em cima da ciclovia, mas desses ninguem fala nada , pois são militáres , e os eles nesse país ainda são intocaveis .
Finalmente cheguei em casa , 11h40 da manhão , duas horas depois de ter saído.

Me surpreendi pois achei que ia demorar muito mais para percorrer esse percurso , felizmente consegui fazer em um bom tempo.

Curiosidade:

A orla da praia de ipanema e de copacabana estava cheia de guardas municipais , isso tudo para reprimir a altinha devido ao encontro marcado para a maior altinha de todos os tempos na praia. Vejo que tantos outros lugares mereciam mais segurança , porém , por força de opressão os guardas foram para a praia , que por sinal estava bem vazia , por conta da ressaca e do medo de ser espancado injustamente.

Essa foi minha primeira trip , farei outras e assim que as fizer ponho por aqui .

se gostaram , se tem críticas , comentem , por favor.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O Rio de Janeiro não tem bicicletários

Empolgado por ter conseguido um estágio no centro da cidade maravilhosa , resolvi comprar um bicicleta para reduzir meus gastos com meios de transporte . Mas antes de compra-la resolvi pesquisar para ter certeza que não estaria gastando dinheiro a toa.

No Rio , para quem não conhece , o sistema de onibus é precário , ultrapassado e caro. O sistema viário não tem traçado para comportar os fluxos da cidade , e a política não vê lucro na adequação de tais sistemas às necessidades atuais e futuras. Ou seja , andar de onibus é dor de cabeça pelos engarrafamentos , pelas lotações e pelo preço , que é caro demais para o que é oferecido , custando R$ 2,75 , independente do percurso que se pegue.

Outro sistema é o metro , esse já não deixa tanto a desejar , mas esse ponto de vista é exclusivo da zona sul da cidade , uma vez que esse meio de transporte não atende efetivamente o restante da cidade. O tempo de percurso é bom , para sua pequena abrangência, já o preço é o inverso , a passagem de metrô hoje custa R$ 3,20 .

Quanto ao carro , é inviável também , uma vez que , existe um defict de estacionamentos na cidade , tanto nos bairros residenciais quanto no centro. Na verdade o defict é de estacionamentos de rua , uma vez que estacionamentos privados é o que mais existe na cidade , mas estes são caros, realmente caros , cobrando a partir de R$ 5,00 por hora.

Tudo isso acima se você morar na cidade maravilhosa , privilégio que eu não tenho , já que moro em Niterói , do outro lado da Baia , e por isso , tenho mais dificuldades ainda.

Para o morador de niterói que trabalha no Rio , existem 3 opções de transporte : Barcas , Carro ou Onibus. E para trabalhar no Rio , é impossivel evitar um aperto.
Segue aqui a problemática dos 3 tipos de transportes:

Carro : Para ir trabalhar de carro , são os problemas que os cariocas passam , adicionando um engarrafamento gerado pela ponte Rio - Niterói e suas consequências , ou seja , pela manhã perde-se entre uma hora e uma hora e meia até o centro do rio , e a noite a mesma coisa para a volta , sem contar com o valor do Pedagio , hoje de R$ 4,90 e a gasolina gasta todos esses dias . Fora que o carro exige manutenção e seu gasto é sempre maior se for para curtas distâncias como essas ( aproximadamente 20km ).

Onibus : essa opção é mais barata que a do carro individual , sendo que o menor valor pago é de R$ 3,10 , sendo que o percurso é o menor possivel passando pelo foco do engarrafamento nos horários de Rush , tanto em Niterói quanto no Rio de Janeiro . Sem contar que andar de onibus na cidade do Rio de Janeiro e em sua região metropolitana é sempre uma aventura , uma vez que os motoristas são treinados como pilotos de formula 1 e os onibus tem suspensões antigas ( , mas isso só se o transito permitir , senão vale a pena levar um bom livro e aproveitar o tempo perdido para se culturalizar) .

Barcas : Para quem consegue chegar de onibus até o centro de Niterói ( ,a parcela mais sensata de trabalhadores, ) e quer chegar no Rio sem prejuizo grande , a melhor opção são as barcas. Com sorte , é possivel fazer a travessia em no mínimo 12 minutos. Mas antes disso é preciso enfrentar as filas , que em dias movimentados , nos horários de maior fluxo duram até 40 minutos ( ou o tempo de atracação , ocupação e saída da barca e de mais uma). Esses dias movimentados são normalmente os dias em que ou os onibus ou a ponte estão passando por algum problema , concentrando os fluxos no terminal aquaviário.
Mas e o custo ? A barca custa R$ 4,50 para quem não tem bilhete único , e R$ 3,10 para quem tem . Seu custo não chega perto do que ela deveria oferecer , deixando a desejar completamente em eficiencia , infraestrutura , atendimento e acessibilidade . Ou seja , é o meio de ir trabalhar no Rio mais viável , mas o menos capacitado.

obs.: fazem alguns anos que as Barcas dizem quem novas barcas estão chegando , e até agora nada .

obs ².: É uma única concessionária a administradora das barcas e da ponte , e um grande acionista da ponte é o detentor da concessão de exploração de diversas linhas de onibus Rio-Niterói .

Então , qual dessas seria a alternativa para um estudante universitário , buscando , num estagio, uma boa oportunidade de crescimento ? Como minimizar os gastos com transporte vendo que , morando em niterói , perderiam-se , pelo menos duas passagens por dia (uma de ida e uma de volta)?
Então , com um pouco de dinheiro guardado e com um pouco de conhecimento que eu já tinha por ter encontrado outras pessoas que fazem o mesmo percurso que eu estarei fazendo , percebi que a melhor opção seria comprar um bicicleta .

E para escolher a bike , ainda existia outro problema , não podia ser um modelo qualquer , é necessário que ela seja dobravel , para que assim , a bicicleta não pague para entrar nas Barcas. Sim , além de mim , a bicicleta também pagaria para atravesar , só que por trecho seriam pagos R$ 4,70 pela bicicleta além da minha passagem .
Ou seja , tem que ser dobravel , senão o prejuizo é muito grande.

Comprei então a bicicleta , e já começei a ter problemas , não com a bicicleta , mas por causa da bicicleta .
No início levei a bike para dentro do escritório , mas como o local era pequeno , resolvi num final de semana buscar um estacionamento onde eu pudesse deixar a minha bicicleta , já que na rua existe a possibilidade de que a guarda municipal levasse a bicicleta já que ela estava presa a um poste , e caso ela não estivesse presa, que alguem a simplesmente a leve.
Na internet não encontrei nenhum estacionamento que aceitasse bicicletas ou que tivesse um bicicletário , fora o estacionamento do subsolo da Praça Mahatma Ghandi , na cinelandia , mas esse fica muito longe do trabalho , e é muito caro ( R$ 2,00 a hora). Ou então , os que são oferecidos de graça , ou ficavam muito expostos , ou pouco seguros , ou os dois , como é o caso do bicicletário das barcas , que não tem cobertura , ou alguem da empresa que olhe pelas bicicletas.
Numa segunda saí mais cedo da casa da minha namorada , em copacabana , e resolvi procurar por um estacionamento ou bicicletário próximo ao meu trabalho ( Perto da igreja da Candelária) . E depois de procurar por um tempo , o unico local que eu encontrei foi uma rua particular ( Rua do Ouvidor com a Rua do Carmo), e prendi a minha bicicleta por lá , dobrada , numa placa .
Por sorte , nesse mesmo dia , meu chefe conseguiu uma vaga num bicicletário, num prédio próximo ao trabalho .
Seria muito dificil , para mim , continuar indo para o trabalho de bicicleta sem ter onde deixa-la com segurança , e foi procurando esse estimulo que me inspirei para escrever sobre o tema aqui .

A cidade do Rio de Janeiro , olímpica e uma das centralidades da copa do mundo , onde foi sediado o forum Rio +20 falando sobre a sustentabilidade e os desafios de um mundo mais sustentavel , não estimula o uso da bicicleta como meio de transporte .
Fora a ausência de ciclovias que possibilitem a jornada do trabalhador para o trabalho, não existe mobiliário que atraia a idéia da bicicleta ou que possibilite que quem utiliza esse meio busque mante-lo .
Faltam nos prédios comerciais bicicletários e vestiários para os ciclistas . Faltam nas ruas bicicletários para os que fazem viagens rápidas , faltam as ciclovias . Faltam bicicletários no Rio de Janeiro , faltam ciclovias , falta consciencia.
Apesar de ser um meio de transporte mais econômico , quem não tem um bom chefe como eu , seria desestimulado a usar a bicicleta , e continuaria preso ao sistema falho , onde se perde mais do que se ganha , tanto no que é oferecido , quanto em qualidade de vida e tempo.
Faltam claramente políticas públicas que estimulem os ciclistas, as ciclovias e os bicicletários. Faltam subsídios para os ciclistas por estarem engarrafando menos ou ocupando menos espaço em um onibus, quem não poluí e não engarrafa não devia ser penalizado com R$ 4,70 a mais por trecho de viagem. Sem contar que esses R$ 4,70 são realmente somente para o desestimulo de quem pretende usar a bicicleta , já que as Barcas não tem a mínima infraestrutura para esse transporte , apesar de ter como obrigação oferece-la .

O governo não incentiva , nem pressiona as empresas para isso , e , apesar do Secretário de transportes ter "conseguido" fazer com que as Barcas não cobrassem pelas bicicletas em horários fora do rush (sendo alguns desses horários questionáveis , ou será que o rush se estende até as 16h de Niterói para o Rio ) , quem vai trabalhar no rio continua sendo desestimulado pelo preço.

Enquanto não existirem incentivos para a busca de formas alternativas de transporte , será dificil sonhar com um mundo sustentável .